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É tempo de conversão!

Como a igreja entra nesse período tão importante para cada um, onde Deus precisa falar e onde nosso coração precisa estar aberto?
“Eis o que diz o Senhor, o Redentor, o Santo de Israel, ao objeto de desprezo dos homens e de horror das nações, aos escravos dos tiranos: diante de ti, reis se levantarão e príncipes se prostarão, por causa do Senhor, que é fiel, e do Santo de Israel, que te elegeu. Eis o que diz o Senhor: no tempo da graça eu te atenderei, no dia da salvação eu te socorrerei, eu te formei e designei para fazer a aliança com os povos, para restaurar o país e distribuir as heranças devastadas, para dizer aos prisioneiros: ‘Saí!’. E àqueles que mergulham nas trevas: ‘Vinde à luz’.” – Isaías 49, 7-9a.
O tempo da Quaresma aplica em nós situações práticas, muito mais ligadas a nossa espiritualidade e nossa conversão.
Nós trazemos para o tempo litúrgico mais do que uma vivência de ritos e particularidades, inclusive sobre nossos gestos e ações, mas falamos sobre como nos preparar para viver a Páscoa. Mais do que preparar Páscoa, a Quaresma deve incutir em nosso coração o desejo de transformação. Todos falamos de conversão, mudança de vida, hábitos, e é uma contínua no nosso dia-a-dia, haja vista que estamos limitados e suscetíveis a realidade do pecado que permeia nosso mundo. Por isso, algumas práticas são trazidas pela Igreja no tempo quaresmal, principalmente para que não apenas haja observância legal, mas para que haja um bom propósito de transformação.
Precisamos fazer com que nossos propósitos de mudanças se tornem um tempo estendido. De que forma? Um tempo em que consigamos viver a espiritualidade do dia-a-dia daquele que encontrou Jesus Cristo e caminha lado a lado com Ele.
Dentre muitas passagens que vamos ouvir durante esse período, é interessante prestar atenção que estamos fazendo uma caminhada para os textos pascais que nos apresentam a ressurreição.
Como nós temos aplicado a vivencia da conversão? Se ela tem sido real, imediata, ou se ela está sendo para nós uma construção para levar a salvação.
Não podemos afirmar que mudamos de vida e que estamos plenamente convertido, porque a conversão é exatamente um retorno pleno para a casa do Pai.
Quando falamos do tempo quaresmal, devemos lembrar de algumas coisas. Primeiro de tudo: a nossa vida pessoal e as ações de Jesus. São duas colunas que nos ajudam nesse período de mudança: análise daquilo que nós somos/temos vivido e as ações de Jesus. Todos os textos do Evangelho, os três Evangelhos sinóticos de Lucas, Marcos e Mateus, e o de João, nos mostram o passo a passo da vida púbica do Mestre. É a vida pública dEle que para nós se tornou a fonte da nossa compreensão de como nos assemelharmos a Deus, de como fazermos valer a identidade de imagem e semelhança do Criador, que encontramos em Jesus Cristo.
A quaresma nos convida a dar um salto qualitativo a luz de vida do Doador de Vida que convoca cada um de nós a um itinerário de seguimento e fazer uma experiência da via amorosa e reconciliadora, presente no mistério pascal.
Lembremos: quando fazemos a preparação pascal, nós vamos muitas vezes focar na alegria do Cristo Ressuscitado, isso é extremamente importante, mas precisamos lembrar a experiência da via amorosa que Jesus realizou, que comunica a Páscoa.
A realidade pascal vivenciada por Jesus e que podemos compartilhar quando fazemos a experiência da Eucaristia, nos leva a fazer com que nós possamos nos assemelhar a Jesus. A intimidade com Jesus nos faz buscar a semelhança com Ele.
“Essa realidade tem implicação profunda na vida. Não é uma tarefa fácil, uma vez que pede de cada um certos elementos que rompem com o comodismo, com a passividade e querem nova postura frente a realidade e também um modo novo de vivenciar a fé. Devem superar a concepção que basta somente o jejum, a caridade e a oração, muitas vezes visto de modo banal pela sociedade hoje e por muitos cristãos, como um mero cumprimento de preceito.” – texto retirado do site A12.com.
A espiritualidade da quaresma deve gerar em nós um recolhimento no coração de Deus. O tempo quaresmal precisa nos levar a olhar para o Cristo na Cruz, tendo em vista que nós viveremos as alegrias pascais. A Igreja nos propõe esse tempo porque nós ainda não estamos preparados totalmente para compreender o mistério pascal. Porque se nós já tivéssemos entendido a graça do Cristo Ressuscitado que nos salva, nós possivelmente já teríamos convertido a nossa vida, mudanças e ações.
“[…] e a todos que mergulham nas trevas vinde a luz.”
Existe uma necessidade da Igreja que quer nos mostrar isso. Então precisamos recolher o nosso coração em Deus, vivenciar a proposta litúrgica, mas, principalmente, sair do nosso comodismo. O tempo é excelente para bons propósitos de mudança.
O tempo da quaresma faz com que nos lembremos que algumas coisas precisam ser podadas. Precisamos tomar atitude! Não podemos viver a experiência da passividade, aceitando aquilo que o mudo impõe como fardo em nossa costa, em todos os sentidos. Quando falamos de mudança, precisamos voltar para nos olharmos e saber quais são as esferas da nossa vida que estão nos escravizando.
O que tem nos aprisionado? Trabalho, necessidades particulares, vícios íntimos, manias pouco fraternas e comunitárias que geram crítica e atraso na vida na Igreja. É tempo de reconciliação com Deus e a experiência precisa clarear nossa vida, não podemos cumprir apenas meros sinais, precisamos buscar os frutos.
Precisamos nos perguntar: o que significa esse tempo pra mim? Como vivo, quais os frutos, como estou me preparando pra celebrar o grande mistério pascal de Cristo? Ou será que esse período nada me diz? Temos que ir ao encontro da mudança, não esperar o tempo apenas, mas fazer com que o tempo se transforme nessa proposta importante pra nossa vida.
“Aproximar-se um pouco mais de Deus quer dizer estar disposto a uma nova conversão, a uma nova retificação, a escutar atentamente as suas inspirações – os santos desejos que faz brotar em nossas almas – e a pô-los em prática.” Forja, 32
Todos possuímos um desejo e almejo de servir a Deus. Porém, precisamos perguntar o que Deus quer de nós, e não de forma generalizada, mas algo íntimo, do profundo do nosso coração. Quais as situações que precisamos gerar transformação, podar, tirar do nosso dia-a-dia.
“Vinde para a luz”, o texto do profeta Isaías nos convida a nos permitirmos sermos iluminados por Jesus Cristo. Não simplesmente acender uma luz.
O tempo da quaresma deve fazer com que olhemos para nós, não para os outros. Porque Jesus Cristo morreu na Cruz por cada um, individualmente. A salvação é particular. Nenhum vai se salvar da mesma forma. Nos salvaremos à luz da nossa transformação e do nosso desejo de estarmos unidos a Jesus Cristo.
“O chamado do Bom Pastor chega até nós: Ego vocavi te nomine tuo, eu te chamei pelo teu nome. É preciso responder – amor com amor se paga – dizendo: Ecce ego quia vocasti me (I Reg III, 5), chamaste-me e aqui estou. Estou decidido a não permitir que este tempo de Quaresma passe como passa a água sobre as pedras, sem deixar rasto. Deixar-me-ei empapar, transformar; converter-me-ei, dirigir-me-ei de novo ao Senhor, amando-O como Ele deseja ser amado.” É Cristo que passa, 59
Esse é o ponto fundamental: Jesus nos amou, não como merecíamos, pois não merecemos, mas pela graça que Ele nos concedeu de nos criar como a obra prima de Sua salvação, então Ele nos amou no alto de Sua Cruz e como nos ama na Eucaristia. Precisamos exatamente amar Jesus como Ele deseja ser amado.
Só vamos entender com Ele quer ser amado quando olharmos pra nós e compreendermos o que nos afasta dEle, o que nos limita. Temos que olhar pro próximo e ver o Cristo morto, agonizante. Esse é um gesto de amor com Jesus Cristo: conviver e amar o próximo.
“Cada dia é uma conversão: são muitas conversões. Cada vez que tu retificas, e quando, perante uma coisa que corre mal, mesmo que não seja pecado, procuras divinizar mais a tua vida, fizeste uma conversão.” Notas de uma reunião familiar, 1/10/1970.
É um tempo propício para retiro espiritual, ler a Palavra, conversão, mudança, intimidade com o coração de Deus.
“A Quaresma coloca-nos agora diante destas perguntas fundamentais: progrido na minha fidelidade a Cristo, em desejos de santidade, em generosidade apostólica na minha vida diária, no meu trabalho quotidiano, entre meus colegas de profissão?” É Cristo que passa, 58
Que todos os dias nos façamos essa pergunta: estamos vivendo um tempo de conversão? Temos sido homens e mulheres indo para o alto do monte porque temos progredido na fé, olhado pra nossa vida e estendendo a mão pro irmão que precisa?
O sentido é viver uma experiência de amor. Amor que nos dá paz. Nada que traz desordem ao nosso coração pode ser chamado de amor. Que esse tempo seja para caminhar ao lado de Jesus, estar e ser um com Ele.
Boa quaresma, nos encontramos na Eucaristia e na progressão do Amor.
– Paulo Eduardo Barroso, Formador Geral da Comunidade Católica Cristo Alegria.

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